sábado, julho 15, 2006

réquiem para camões

requiem aeternam
repousa lentamente,
resto de riso e palavra.
repousa eternamente,
recusas d'alvorada.

no rio mekong, aquele
texto poderia ter deixado
a vida da donna - mhia senhal -
mas antes perder um olho
ao peito ilustre: o rei, jovem,
ainda viria a ser um nada-tudo.

vênus perpétua: moçamba, quíloa,
goa, melinde, tormentas, calicute.
torna a lisboa - ulíssona - e o vasco
passa além de belém.

no restelo, hoje habita um padrão:
todo pedra que apenas lembra a
campanha dos amores. hoje, camoens,
passa muito além do pórtico-belém ou
dos jerônimos: rubens chiaroscuro.

repousa, oitava rima, o repouso eterno
de agora - teu manuscrito uma ágora -
em que tuas tágides revistam-se de luso
luto: sem-túmulo, por não poder, pois
imortal é a letra tua do verso teu
que os corações humanos tanto obriga

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