terça-feira, março 18, 2014

nênia para claudia silva ferreira

38 versos ao curto tempo




silvo, o estalido –
estampas o beco,
a quina de mãos
erguidas, de não
passeio – da aur-
ora, do dia
abandono, a sede
de mais um corpo,
em cor, de cor

(do resto, do fronte,
não há outro
nada há que seja
outro, saído do
camburão, carne
de boi(acá) e outros
duzentos pescoços)

o quase osso, o
quase branco melanina
para limpar o rubro,
escorrendo, arrastando,
muito pouco para
penas, em que paras.

fero, o dizer de olhos
obrigados a, o
ver de bocas
rentes a, o asfalto –
ao quente, ao
betume, que é disso
que tratam –
estado órfão, despindo
a tez em lágrima
a tua face, sem fuzil,
via dura ou
pior, o dia
ainda é dia, no
hospital naval
marcílio dias, a
dia.

                                  

domingo, março 02, 2014

nênia para alain resnais





vão – o corredor, a sacada
e o pátio – como se
atget estivesse ali,
desde há muito, nesse
tempo outro.

voz e várzea, os espelhos
pintam os cabelos de
delphine, arcos
estáticos, o braço
sustém o corpo

enquanto um cão, que
apenas olha, estanca
a cena – braço es-
tirado em ângulo,
um olhar sem
mais.

brouillard, palavra-signo
do inomável, do
indito como de cor,
retornando enquanto
dizes: muriel, murió,
morto – passado em
que te lanças,
sempre.