segunda-feira, abril 26, 2010

rumor

convulso, refaço toda
marca – escrita-jazigo –
em um só corpo, nó. as-
sim, vitimas o fogo,
orientando-se, olvido.
bordas e renegas: falaz,
olho e aurora – sob –
inundam de adeus; outro-
ra. estanco, estás
convulsa, de palavras.
     

de mandelstam, indireto


o som, cauteloso subjugo,
da fruta ter se descolado
da árvore entre inquieto sussurro
do profundo silêncio do bosque.


óssip manldestam
(repoetizado)
 

céu aberto


de blau vergo o chão,
trocando o sol, pela
manhã: abetos e nenúf(
sonho-despedida)
ares.

de mim, autocômodo,
moribundo desse outro,
o corpo espaça a culpa
sil(vestida)vestre;
ardor.

o ventre preclaro, a-
inda uma torre, in-
finda: dedos mol(
peso)
dados, arfantes.

espéculo do cima,
precipício do rosto,
abaixo dessas raízes –
mudança de tem(
pulverizado)
pó.

enquanto ajo,
escri(p)ta nítido-
voraz. ás. extensas
mãos e vermelho:
apanhar ícaros;

a recusa, língua
de mil dentes,
escusa-se de si: a
mais dentro, mais
fronteiro.

ares, órgão real,
além, blau e moras.
evado-me calando o
sor(rumorejo)
riso, de mim:

abaixo, são degraus,
bosque e fosco, conluio
de lapsos sus(piras)
penso
alicerce.

do caminho, o dito,
freme estranho
mal(feitor)
fadado, disso que
só sobra, der-
rota.
       

sexta-feira, abril 23, 2010

torre de montaigne

morada e manso passo,
traz-se a si, o ele da escrita,
essa mácula abaixo do
acabado: eu.

move-se, no entanto,
por nome a nunca –
formas e chão, à nuca
de torre e pedra.

monstro de si, saber
é essa demanda:
loucura e jardim,
apagar-se.

monte e anhos,
sacrificas do alto
selvagem da
tortura, do embaraço.
        

quinta-feira, abril 22, 2010

brasília





pálpebras, besta cerrada,
cerceando o gris e o alvo –
morada de estanques ad-
vinhas esfumadas – o corpo,


desnudo do traço, acima
abaixo – jornada oblíqua –
de ti, um só vento, ladrilhos:
espalmada, plena em silente.


reluz, do olhar espuma, o
calhau da noite – o audível
de hora a mora – todas as
vigas suspensas, como se


leves: língua de faca, fagulha
fincada de voz, ninguém. a
estrela oca, sob as mãos, de
flor atravessada – isolando


o junco – por palavra e cal.
cimentas a chuva, abrigo
de esboços, tudo em torno,
lágrima e lástima: ar apagado.


verso seco, de ipê e horizonte,
hiância do dizer, remido, de
imersos e preclaros vazios:
a curva, no plano, morada
anfidestra.
  

quarta-feira, abril 14, 2010

rublev, para olímpia



  




tempo ancorado em ouro,
ainda o caule d’água, faz-
se pó e selo: o risco quase
rasura –


noturnos olhos, finos,
sombra e plainos, a
linguagem – marolas
e pérolas.

ascese – dês nascido –
de corpo e pêlos, um
jardim de homens,
entre asas e ex-

cicios: toda água
tomada de jokhann,
de uma dimensão,
acima, manto.


dissolvendo-se, em ocre,
as vestes da carne
remontam o sangue,
em ser –


macio farfalhar, por
onde andas, e na
calma de um dia,
sorri à fantasia –

o todo sangue der-
ramado, recolhido.