sexta-feira, agosto 28, 2009

epitáfio ao ateliê


eis que há o transitório
– sustos e cintilações –
há o devaneio do instante,
consagrado.

quarta-feira, agosto 26, 2009

notre amour, récemment et après

à fabricia, ma p'tite


bras et yeux, souriants
des fleurs: danseuse
de la lune, des rêves.

un caillou sur l’herbe,
habillé de tempête:
ton sourire au chemin –

près du vent, folle et
trop aimée, blanche,
vibre, ta voix, ton goût –

un gris ne serait point
dans notre ombre, dans
les étoiles aussi brunes
de tes miroirs et visage.

j’attends, un tour du dire,
un mot de chanson
tourne rond: depuis mon
jour à toi, j’espère et vois
ta mer dernière – un
langage – on reste,
presque.




le tien

domingo, agosto 23, 2009

leveza 3


às costas, deixam-se
os metais e matéria:
asa e linhas, aquém
do leito, os braços
moldados.

suspensos, suspiro,
pássaros de ocre
e cinza e pastel:
manto recoberto,
o oposto.

entr’acte – clair –

presença de lázaro,
o assombro de
sono e treva: tempo
e tempestade ainda,
ária de gorjeios.

o homem, quase asas,
noturna o silêncio,
torna a ver à volta
um sorriso de penas:
conluio livre.

sexta-feira, agosto 21, 2009

fim do ateliê


hoje, não ontem,
hoje, não depois,
hoje marca o fim
todo o jogo, de si,
abandono - ao raro
sensível do tempo -
da conversa mais
í n t i m a:

apenas um suspiro,
plural lamento,
em que continuo
o elogio a todos
um brinde -
recife, solidão, estrela

segunda-feira, agosto 10, 2009

a leitora de théodore roussel


ler o leite da pele
pela ranhura da
página porosa
lenta a tez da carne
rasa e distendida
sobre a cadeira
nua de si rara
de nuncas diz
tensões sôfregas
silente manhã
de agora essas
sedas deixadas
os pés cruzam
o pó azul o livro
à pele.

sonho incrédulo


em labirinto de fátima,
fado e traço, ménades
do pináculo lançadas,
soletram grunidos mis-
terio-
ossos
à margem de tudo: os
olhos da virgem ainda
senescentes à procura,
pombas e maresias,
tudo fogo e vermelho;
tudo pétala carmim.
velas sobreacesas,
centímetros a metros,
todo rosto julgado,
queimando meus assobios,
transmutação, sobre
a mula na entrada
do templo: sangue jor-
rado – pelo excesso –
o fora de lugar, essa
ausência maciça de
nada e pluma, plúmbeo
olhar de dor. as
crianças ainda, fora do
fora, rememoram,
despidas de seu véu,
desajeitadas de suas
mangas; às covas torno,
revolto a cegueira álacre,
póstera carta em que
as letras calham
noturnos de sóis
que a pele tosta.

sexta-feira, agosto 07, 2009

mais (novo) um blog


convido-os a participarem também
do blog poesia pensamento psicanálise.
diferente do apáneuthe neôn,
este será construído com reflexos teoréticos -
acerca dos temas que marcam seu título.
clique abaixo para acesso:


quarta-feira, agosto 05, 2009

earwig/earwicker (para fw)

(estive escrevendo um ensaio sobre o problema do nome em finnegans wake que me consumiu todo o tempo hábil das demais escritas; vou agora, aos poucos retornando ao ritmo, desfazendo-me das trevas sobre os olhos, ainda insone)
desfias o novelo dia,
insone, moroso, às
voltas desse incesto,
a mais que a lua, réu
e véu de seu nome:
vau em que flui, o rio,
metade outono, ao
meio de flor – ainda
persabe sua hora
morta de rabiscos,
rasura corrompida
da mulher diáfano-
obscura – de seus
recachos vês a sépia,
por asas do besouro
que é já o retorno
do filho, transtorno –
e, isso agora, no nome
da alegria.