quinta-feira, setembro 16, 2010

cama, de palavras

mélica para fabricia, em sono.

frente às tuas mãos, folhas e horas,
o castanho de um dito, em ar e pêlo,
calando murmúrios – transporte e
metal – o nome, teu, aparece em fio
e fim de um só mar, mantendo a
promessa – o juro de errância.
tarde é o pássaro, sus e já outono,
em pó e tudo aroma: pétala de
cinamomo; grão repouso da can-
ela; à vontade teus pés, agora, já
dançam, enquanto sonhas –
antes, a noite, lanças-te à distância
próxima e breve, lume e cor – e
selas então – a mais álacre – um
só dente, ressoando passos.
             

sexta-feira, setembro 10, 2010

à parte do ocaso

para o andré, se recuperando


ὥστε θνητὸν ὄντα κείνην τὴν τελευταίαν ἰδεῖν
ἡμέραν ἐπισκοποῦντα μηδέν᾽ ὀλβίζειν, πρὶν ἂν
τέρμα τοῦ βίου περάσῃ μηδὲν ἀλγεινὸν παθών.
coro (édipo rei)

[atento ao dia final, homem nenhum
afirme: eu sou feliz!, até transpor
– sem nunca ter sofrido – o umbral da morte.]


podes, entre um sempre e amoras,
mitigar fantasmas –
à margem da estrela, jaune
de doce ar, entre muros.

à queda, um caminho e promessas:
novo o ocaso, consolo –
em um vazio, nomes. escuto,
ilhado, o brilho que há.

vestígios, entre pé e perna;
mais à esquerda do dia e da
verde vinha lançada, a partir.
fronte à frente, os risos de lá.

todo lugar é para além, de
si, no mesmo ermo: de édipo,
ao canto exódico premente,
repete-se na calma, do acaso.