sexta-feira, setembro 29, 2006

richard e shakespeare


richard, the third:
king-horse: sabedor
da liturgia, entre
o que pode e o poder
brindam o término do

dia, em que se perdem.

epitáfio shakespeariano

a horse! a horse!
my kingdom for
a horse! ricardo
dizia em outra l-
íngua, movente,
sofrível em esp-
aços: tempo, trá-
cio e mortal de
um índicio, sinal,
em despoder. and
i will stand
the hazard of
the die: tomba
a coroa direita,
sobre homens, e
reluz, à sinistra,
um sinal de espera -
the day is lost -
ou invenção em
que o homem
se faz, fará. é,
reverberando.

segunda-feira, setembro 25, 2006

a máscara mortuária de dante


abaixo desta máscara-
gesso, que cerca e sitia,
havia - do exílio em ravena -

terzinas. sob a máscara,
dante petrificou-se ao acaso
das consteladas donnas

beatrice(s) e auroras dedicadas
à visão da ilusão, imagem do
fim, canto xxxiii, em que a

deidade se perfaz em número
jazendo em apenas um uno
devario beato, sopro ou sussurro:

um muro de charcos e da ilha
áurea - primum mobile - arco
dourado do santo ou santa que

apartam virgílio de sua jornada,
tornado ao limbo, sem batismo.
o corpo crédulo caiado cai: como

enfim, alighieri, sem terras, retorna
e sente paolo e francesca, amantes
infernais, retombados ao barco ou

ar em que um arauto poderia guiar
esta face austera rumo aos astros
comoventes de esferas estáticas ou

ainda representações de luz, estrelas
em aparições - virgens imoladas ou
cruas - estrela-phános: rosa-dos-ventos

em 32 moventes paradas, roda
de rumores rastejantes em que
sai a guiar-se, em travessia, por

altre stelle. movência.

sexta-feira, setembro 22, 2006

retorno a ítaca

de um só soluço de esferas,
aguardam, os andros, as cos-
tas do rei: polimétis. a hermes
sombreiam, pós-colunas, à
insula-peninsulada diablin or
dyoublong... hermes, dá termo
às porções de circe: moly, planta
bloom:

da joyceana tigresa ao antídoto
grego, os ardis ulissáicos resso-
pram na voz de leopold, un fou,
que espera não uma penélope
tecelã, mas nausícaa que vê a
nu, a nau doutra época em que
a diá surge, transparece? diá
phanós, é som e acaso.

quarta-feira, setembro 20, 2006

variação de baudelaire


sur ta chevelure profonde
aux acres parfums:

espelho de pele, vinho da manhã
ante-manhã: frio, frio, mas
igualmente dançam minhas
serpentes duma source de gelo
ou da boca, borda de dentes.

estrela, estrada estiagem de si.

bloom oder blume


das blume, mr. bloom:
is it not blumenkohl?
nein, it's only blumenau!

saint rose: 70 cannons,
from salvador. a nau
virou-se ao atlántico!

mrs. bloom knows an-
other seems: analflower:
o tell me all about ana livia.

in the liffey, das blume
isst ein blumenkohl:
aguardando d. sebastião.

dum som de comentário

o som de rodgers and hart:
rebrilham em rochas ou cor-
ação: my funny valentine.

risível (laughable) o aquilo
unphotographable

menos que gregos ou do
falar smart-olhos:
diadorim ressurge em
diamantes de óleos eólicos.

cada dia: um dia valente.

um pouco a mais gozar rimbaud

"où les serpents géants

dévorés de punaises

choient, des arbres tordus,

avec de noirs parfums!"

un peu plus du

rimbaud (partitivo)

abram-se serpentes - gigantes

de calor ou decoros pugilistas -

escolhem, em árvores do cerrado,

nus e ébanos perfumes.

segunda-feira, setembro 18, 2006

ditirambo nietzschiano ao dia 16-09-2006 (sem explicação ou credo)

pagar na mesma danaca

fumaça em olhos, em espera,
o barqueiro, dos olhos: hipogrifo
hoplita de horas, hespérides.
de quem não vê, nada vê
diante de si, ou que em
si condena: atitude revela.

há de dançar, dânae (em
estática fotossíntese) dan-
ação, delírio de conhecer-
se daquilo que desprezo.
que carregue as danaides,
traidoras: doudas dan-
ça: suffit! dano, lesão
daquilo que esquivo ou
repulso, pois nada em si
traz o sal, o rubor dum
sorriso que lateja alegria.

domingo, setembro 17, 2006

resgastos duma festividade


mesmo que da ausência
rubra - turbante de risos,
vai, vai, vai não vou, val -
a diaba formação dos
quadros soçobra nas ventas
frescas - concretas - de
limoeiro, lamaçal:

corisco olímpico soscreve,
da liberdade nua de quem
não deve a nadie rien, ouvi
em pleno alarido, um antônio
de mortes atravessando
a sala até terminar num dylan
caetanizado daquilo que cê
pode imaginar.

rastros inscritos pela casa:
cinzas, l'eau de vie e ainda
mais, em lembrança, vida
jorrada das 13h40 às 1h40.
doze as horas que ao som
alvo-ouvido misturamos chão
e chã palavrório em um
enigmático subscrito - código
cifrado ou disco phaistos -
dum poema personando do
único - aparente - lúcido (ou-
tro pessoa: "merrda! sou lúcido")
ou daquela que em cartão
ousará sobressair de um anônimo
sortilégio: forte retomba 3
cálix de algo vivo.

88,1: rádio. como que calada
observa! observa? e nova-
mente dança - quase nagô -
de tão ávida, cal. veludo ves-
tido por esperas, cantos de
sereias serenas, canto.

percorre clicks, câmara oscura
dança, pés e um asa de graúna
(ouvi, in loco, um alencar salt-
ando da digrafia do johnny brabim):
tecendo, tricolagens em pelo
tapete de livros: impossível
não lembrar das mil aves do
osman que "maria" e abel são
mortinatos.

rasgos de cevada, semeada
dos silêncios comunicados
pela ou à leitora. rastros das rel-
ações observadas por quem
fabrica:
a bela áurea, novistellar, eterna
em seu azur mallarmaico (ou de
mistério, desestabiliza estados,
reconduz o segredo para a fala,
para a escrita do desde olhar:
conluio aflito e necessário de
eu digo sim eu quero sins)
daquela que, entendendo a bênção,
ama e amo.

sábado, setembro 16, 2006

poeminha sujo, velvet


Im gonna try to nullify my life
cause when the blood begins to flow

pensando em mallarmé (3)

l'absente de tous bouquets:
esta foto, nadar a fez para
príncepe, suspensão de a-
caso dum reino em que se
faz de céu, a morte ou nada.

antes, de fleur - som que diz,
contrário à nuit que enleva -
ao não saber que dali um ano
o jogo é feito, lança. e seu sor-
riso sobre o branco, devém.

aos olhos de poucos, o náufrago,
polýdakrus, se reconduz àquela
esposa do fim: ainda gesta em
que o princípe, de palavra, conduz
uma exclusão fora-incluída de si.

par'além planície a tarde suspirava
aqueles dois últimos anos, valvins
coroada de flores que no' mais.
musa, cala! fauno desteceu-se de
pernas, cornos e flauta: indo além.

quinta-feira, setembro 14, 2006

oidé a pisístrato


se
das línguas homéreas
- espondeus ou dedos
róseos dos pés - tu não
estivesse entre o séc. vi
e aquele pericléico: nada
dos cantos havaria.
ne
varietur: oficializa
o nóstos helênico à
função do escrito
da glória ou gozo extingue-
se
a íngua da ameaça dórica
- anúncio do fim peloponésio -
destronasse a linear grafia
minóica - pobre rei pelas
costas em púrpura apunhalado.

sábado, setembro 09, 2006

balzac?

eugénie grandet: livre
palavra que - sem óculos
ou lente - organiza
uma visão da linguagem:

livre habitar do presente.

sophia (4)



entre livros, o focinho

se refaz em cheiros, á-

caros às térmitas que

somente de um salto

reconduzem o pêlo,

felino traço ou morada,

ao ethos em que habita

à margem, lombada, de

palavras, em desempenho

azur, olhos inflam - pupilas

em fino arredondado - como

que captando o globo de

estrelas que a antecede fr-

ente à rosa - de travessia -

em que ao maio não se vê

setestrêlo: dados lançados

ou fio partido, em parcas

da memória do apenas um

miado.

sexta-feira, setembro 08, 2006

pensando em mallarmé (2)

a cada monumento de estação
fez-se de azur a guinada de trens

nó - trevo, bo - se desfaz: mísero
corte da língua sobre a genitália

dos dias, dos dias, dois: linguagem
do inverno, a que tudo nego.

desabo

sempre posto à margem:
exclui, como tule rasgada
em procissão partenéia,
ao ergástulo de escravos.

posto à margem: aos que
impedem surgir do vinho,
vida; aurora contável de
suor, corpo, tez, aos olhos.

posto à margem: talvez
sonhe a irma de freud, talvez
a face sem barba além do
prazer de cravos, cativos.

posto à margem: escarva
a nódoa em que do pescoço
interpõe-se a fonte, lesão
oblíqua que ao mim sustém.

desabo, bafor blásfemo daqu-
ele solta-membros: pulsione
a pele ao pendão de érebo,
posto ao sempre à margem.

stephen em bsb

salticaminhando entre pedras
porosas de cal calcário e nódoa,
o mítico labirinto se perfaz em
números - quadras - esculpidos
por entre-rochas, caminhos de
tesouras, ouro vermelho, ao pó.

do dedálico mommymento conti-
conteava estórias do giant finn:
olhos em lume, ciúme confirmando-
se do rosto de ezequiel sobrepõe-
se o capítulo se encerra anterior.
o gigante de bruços, abismava diablin.

dedalus, em sua loucura shxpr, nome-
ia o pai, jornada rememorada duma
viatge ulisséia, sem pai ou da esper-
anca da leopoldínia (marfim-vegetal)
mrs. marion: bold hand. mão boba
em que gibraltar, hercúlea finnda o globo.

dedalicamente a aurora acumula-se,
acrópole rememorada em chuva á-
cida, enterro de mortos ou celebração
de vida - exu guerreiro garrido ou glória -
em que sua cidagã prepara o padê em
verme do alado ícaro, próximo ao sol.

sexta-feira, setembro 01, 2006

variação de um afro-samba

cor, cor, cor: do rei orixá
salteando boniteza da sanha
no mar, na terra, em ar.

amor morosa rosa salitre
trevo voraz raso sombra
braseira rastejante hiante.

cor, cor amarela: exú ou ainda
ossanha que não brinca de amor
ou não permite saltear querência.

não sou, sou, não sou: mandigueiro,
galinha e êxtase pelos espelhos
de uma aurora do manhã: : :

saravá, àqueles que sonham ou
ainda conduzem o destino em
branco, branco, branco: rei orixá.

atualidade de um tema belicoso ou de morte


benjamin, sonhando com anjos,
esteve preso a um muro de es-
pinhos e mastins, violinos tocan-
do estocadas de soldados, generais,
que conduziam ao fim, por números
impressisos em braços tatuados.
benjamin, do lado esquerdo da estória,
sonhando agoramente - jetztzeit -
com possíveis cantos iemanticos
duma tristeza ou solidão - língua es-
cravista - ou de rosa - em que des-
troído, ruminando balas de metralhadora
ou cídio de si.

celan, distante do eu, pela arte. entre-
vê seu companheiro, de língua, talvez
íngua inócua, em todtnauberg - nau de
morte ou realidade de silêncio - dali
se cala ou desfaz o verbo em que o isso
se dá, insiste em não se escrever. falando
sombras, digo verdade; palavra cadáver
em que o abismo do sena se fará espectro
- corpo a corpo nas águas - wortnacht!
êxtase de meu córpedra, meine fenda,
tenda das palavras de rio, rio, rio. ir-ao-
fundo, ao ir fundo, cf. celan: meine
muttersprache ist die sprache der
mörder meiner mutter. sem mãe,
a mátria escurece-se no vidro de uma
schoá em que todo poeta deva ter
aura, reconstrução, ser árabe.