terça-feira, novembro 25, 2014

supões o tempo




quando calar, a língua
ainda oscilará e, logo,
minha voz arrefece o
amor – fraca conjuntura –
disso que recende o
oco o voo o vão para deitar
em ti o que me basta –
oblíquo instante sobre a
face, sobre o colo que não
mais.

quando calar o tempo
ainda será uma palavra
em esboço, do que poderia,
em tábua, a gravura disso
que é noite – e não basta –
e pele, extrema calma
de sopro.

quando calar esse nós,
o dia claro, essa palavra
será termo e, extensa,
o corpo deixado
de barro ou só
para outro
tempo.




quarta-feira, novembro 12, 2014

ranhura. tempo




esforço-me sempre por compreender o
pardo das onças, enquanto as vejo descer
pelo corpo do dia, um pássaro que cala
observando.

vez que me esforço, esfolas os fólios
desse quarto, em um silêncio de mãos
em teus olhos sempre intocados de ar
escapam o dorso e o sol, enquanto

teimo o rosto mudo desse tempo.

nenhuma fenda se dobra ao lábio
distante, o teu, que agora é só mão
espaçando o mundo – ouves meu
nome deitado na relva desses pátios

roendo o tédio em meus músculos
frágeis – como tem sido, não mais
olhar o lençol e o pulso nos dedos
em uma palavra que arrisca o áspero

enquanto vago a cova das costas, num
sopro

tua roupa cai, assim como o tom de
muda a mais calada, sem excesso,
afastas o pó nesse feixe lume que
expõe teu escuro contorno de olhos.

ali, asas e seixos na sílaba habitam
de sombra o tarde do dia e teus pelos,
muito poucos, quase nada, para fazer
sobreviver o sono e o ano, na minha
boca.