terça-feira, novembro 25, 2014

supões o tempo




quando calar, a língua
ainda oscilará e, logo,
minha voz arrefece o
amor – fraca conjuntura –
disso que recende o
oco o voo o vão para deitar
em ti o que me basta –
oblíquo instante sobre a
face, sobre o colo que não
mais.

quando calar o tempo
ainda será uma palavra
em esboço, do que poderia,
em tábua, a gravura disso
que é noite – e não basta –
e pele, extrema calma
de sopro.

quando calar esse nós,
o dia claro, essa palavra
será termo e, extensa,
o corpo deixado
de barro ou só
para outro
tempo.




Um comentário:

Gilson Corrêa disse...

Qualquer tentativa de explicar a poesia é falsa, mas posso pelo menos, expressar que "o calar de nós" pode ser uma perspectiva de final de relação amorosa ou o passar do tempo (a morte). Nem sei se disse bobagem, mas fiquei impressionado com as imagens que se decifram nos versos. Um lirismo acentuado. Uma beleza de linguagem. Abraços.