esforço-me sempre por compreender o
pardo das onças, enquanto as vejo descer
pelo corpo do dia, um pássaro que cala
observando.
vez que me esforço, esfolas os fólios
desse quarto, em um silêncio de mãos
em teus olhos sempre intocados de ar
escapam o dorso e o sol, enquanto
teimo o rosto mudo desse tempo.
nenhuma fenda se dobra ao lábio
distante, o teu, que agora é só mão
espaçando o mundo – ouves meu
nome deitado na relva desses pátios
roendo o tédio em meus músculos
frágeis – como tem sido, não mais
olhar o lençol e o pulso nos dedos
em uma palavra que arrisca o áspero
enquanto vago a cova das costas, num
sopro
tua roupa cai, assim como o tom de
muda a mais calada, sem excesso,
afastas o pó nesse feixe lume que
expõe teu escuro contorno de olhos.
ali, asas e seixos na sílaba habitam
de sombra o tarde do dia e teus pelos,
muito poucos, quase nada, para fazer
sobreviver o sono e o ano, na minha
boca.
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