“o idioma é a única porta para o infinito,
mas infelizmente está oculto sob montanhas de cinza”
(joão guimarães rosa)
o nome habita as margens
como a palavra, seca, se
molha em molhos de flor
e uva caída nos panos
da renda escura de tempo –
minha língua, espelho
obscuro, martiriza os seixos
em cruz, fundamento e
abismo da memória, da
madeira do eixo, aos chifres
retorcidos de poeira e
caminho, odores das velas
inconclusas, em que a paixão
fez ato – do bagre andorinhando
seus assobios e arrulhos
despovoados: aqui o homem
solfeja, uma prece à virgem,
um soluço lutuoso, são benedito,
colhendo-se buriti, à semente,
abaixo do manto, arabesco,
as flores de trigo, da fala
que ainda é morada e demora,
gris dos picos, vindima
as portas – palavra vozerio
que cala, geme e oculta.
Um comentário:
Ave linguagem, vou pedir permissão à Olímpia e compartilhar a admiração pelos seus poemas.
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