sexta-feira, junho 19, 2009

uma ária: evangelho e paixão segundo são mateus (em pasolini e bach)


“seht die geduld.” (j. s. bach)

“o cristo de pasolini é um estigma contra a alienação: alienação é a piedade, a complacência, a hipocrisia, o tabu sexual, o servilismo, todos comportamentos que caracterizam o homem subdesenvolvido, ou melhor, o homem colonizado” (glauber rocha)





e primeiro parte o ir de eiras,
ponte vasta aos deserto e pó,
condenados, o ouvido e olho,
freme ainda friúme de friso
à bizâncio tornada, tapando-se
a luz dos barcos e o tremor
do sol: colônia de abelha,
espada furiosa, fronte ainda
cálida – duo cuore – bárbaro
barrabás. hora de árias, hoje,
à tez corrompida em azul,
estria ou rastro: wenn ich
einmal soll scheiden...
silente, às vésperas dos
olhos velhos de maria, de-
compondo-se corpo e ouro,
enquanto ares renascem –
velozes frente à câmera,
clarobtusa: toma, por isso,
essa língua opaca, conver-
tida em melodia, reais
frutos. dutos todos doces
movem-se, arfando olhos
e óleos, lépidos, presto
paradoxo: tais selos.

Um comentário:

olimpia disse...

Piero, está tudo lindo, versos, infinitas alusões (certamente me escapam mis), a seguencia de imagens:
um beijo no cuore
daqui da minha
bend of bay