sábado, maio 02, 2009

jerusalém-auschwitz (após e para gonçalo m. tavares)











sabre a sabre, lúcida escritura,
entre a fala e o falo dos loucos,
o término, pobre menino, longe,
corrompe-se à noite, em ruela,
malfadada à busca da imortal
batalha, prostitutas e hannas –
o horror crescente entre barbáries
e anjos tortos, gagos. os assaltos
de mylia, cantante e crente, às
mãos ainda faltam, mesmo ao
vidro estacado. desastre e mais.
pernas, longas, encravadas pelos
campos, inundadas pelas nódoas:
pêlo a pêlo, tudo imundo sem saúde.
luz perluz a moura figura: a cidade
baixa-se de antiguidade, ruelas,
ruelas e lamentos. decaem-se
sinas e os sinos dobram, a ninguém.
não se recupera o joelho malsinado,
todo branco e cinza transformado.
o hino dos céus – himmel – alto a
mais alta torre. canta aos pés ma-
culados. horror, o reino todo desfaz-
se, paladares pomares. o legado
nos deixa: paz delegada, morada
corrompida para além da janela,
o real,
à frente,
ao chão.

Um comentário:

olimpia disse...

Naquele ano que fomos juntos para a FLIP, levei o Senhor Brecht para casa.
Continuo levando-o para a cama onde me conta estórias curtas e lindas.
Depois de ler seu poema, pensei em revê-lo, em Jerusalém.
Mas o Atiq Rahimi está insistindo com a mamma África.
A fila é grande e anda lentamente.
Claro que pode copiar a estorieta...embora eu não tenha feito nem uma revisão básica, falta-me paciência. Pessoas hiperativas têm esses senões. Engraçado é que eu já ia lhe pedir para linkar a foto e a poesia da leveza 2.
Vocês estarão em Paraty este ano? Olha que a biógrafa do Joyce vai estar lá (Anne Enright).