quinta-feira, agosto 10, 2006

memória em sonho


havia, segundo consta
pelo caminho, em minha
memória, um cupinzeiro.

destes terra-cota salpica-
dos de gris cegos. fascínio
da infância, com um pau,
quebrar as entradas e

assim também as saídas,
com medo da mordida, tan-
to quanto das formigas cabe-
çudas - quanto açúcar o azul
do céu pelo caminho me dispensa.

desta enorme torre tive notícias
anos após, quando pela primeira
vez vi, o inapreensível vil para vi-
são de uma criança: a babel repre-
sentada pelas mãos do bosch. era,
e até hoje, medonhamente real

aquelas entradas e janelas das línguas
da minha infância: quanto aos cupins,
que provavelmente já desertaram,
suas multi-línguas me sentenciam
em sonho, apenas às vezes (espécie
de felicidade?), como que dizendo que
há algo que não é apenas memória e

escrita; há o tempo e o modo.

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