sexta-feira, abril 24, 2009

para assurbanipal, livros-pétreos

as tábuas em nínive, tendo-se
consumido, em barro, em cunes,
marcam-se de tempo, em espaço,
às margens de uma outra história,
essa também de viandante, loas
e danças, siduris machadas de vinha.

às margens da ponta do tigre, formas
e esfinges, ao rei e sua biblioteca –
pétrea de barros e versos – re-
côncava, narrando o reino detrás
das montanhas dos cedros – ao que
vence o aríete humbaba, fronte terrível –

em uma impiedade de desejos, sobre-
humanos, condizendo: morte em tudo
marca-se, o tempo das vestes, em peplos,
mais dura que face e as moscas de outrora –
de deuses, moradas nas águas, falanges
em intempéries, de fogos à bela ishtar.

assim, os velhos leões, em tarso,
encontram-se – comércios de verso –
ao que o pão é recompensa, ainda,
do longe, da foz, dos rios: ao que
não se levanta, ainda.

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