domingo, março 28, 2010

engendro: prometeu arabesco

      
τίς ἀχώ, τίς ὀδμὰ προσέπτα μ᾽ ἀφεγγής;

[que eco, que cheiro voa até mim, sombrio?]
(prometeu, via ésquilo)

asa e véu, o perfume escalando,
converte-te ao solo em tímpano –
de si o som de céu, conversa e
folha, deixada ainda, sob a cava
vaga de esporas, amanhecendo
como louça lúgubre, em leito –
ao soluço, retornam as palavras,
acolher crueldade.

uma só língua, entre arabesco
e cetim, o luto, o avesso – calando
a noz, o dentro-fronteira, tampon-
ando-se à queda, doce adeus –
em flor, de nada, esquecida:
a nau da demanda, esse corpo,
esse único de cicatriz, uma só vez,
de não-apenas, aqui.


à morada da boca, ardem fraga e
limo – relembras o tecido, de
olhos –; estranho e mudo, de foz
e força, pedra cega: grilhão e
abismos todos. mordem-te ululos,
tez e fogo, metal partido; fundição.
a voz, frágua de pele, aguarda,
suave.
                 

2 comentários:

olimpia disse...

os versos da última estrofe deste poema são perfeitos para o cenário que rolou ontem na minha rua
(um amanhecer de estrondo e raio)
brrrr!!!

olimpia disse...

Incisão: não-e-noite
Conhecer os ícones de Rublev
Decisão (adiada sine-die)