quinta-feira, outubro 05, 2006

ode a maria callas

wagneriana, a voz escorre,
fluido liquescente, vocifera
em agudos a pobre turandot.
por ironia, a cantante, musa
héndeka, satisfaz ouvido e
voz como se à garganta de
puccini ao não concluir a peça:
da china transcorre in questa
reggia puro gozo ou silêncio
diáfano - imagem deifica, imago
ou pureza de castelos, pássaro
ou filomela; apenas crisálida -
inflexível teia; filame de penélope
que cercilha - kérkis - o rever-se
em sonho ou tempo: noite trevosa,
monturo espaçado em templo de
listras - tigre turbilhonante em
floresta negra, ébano. grito de
morte, palpitante, feito nova de
ocaso, caminho extremo. ao fim,
hybris de voz encarna máscara
a mascara: cenários de tez e
adunco nariz soprando cálida
cor, cor, voz, voz: espéculo.

Nenhum comentário: